domingo, 30 de maio de 2021

Sentimentos


Filhos... são como pássaros

Desvairam dos teus ninhos

Num adágio em altas revoadas.

 

Filhos, são bem assim!

Como pássaros em busca dos céus

Às vezes a procura do nada!

 

Filhos, às vezes são assim...

Como pássaros! Desvairam, revoam

A procura dos teus próprios ninhos!

 

Filhos... oh! filhos.

Quem não os têm

Assim mesmo, gostaria de tê-los!

(homenagem aos filhos: Lucas, Verônica e Marcus; aos netos: Lucas Henrique e Helena)

 


Fidúcia


Pelos senis caminhares em veredas

O marco da fé, tornou-se inexaurível

Paisagens fantasiosas d'uma brisa sem igual

Um cruzeiro lapidado na castiça madeira

Bem cravado em terras amplas e fecundas

 

Em homenagem ao nosso santo padroeiro.

Um marco de chegada d'essa relutante e boa gente

N'essa benigna e vastíssima paragem

Um rincão no Sul dos nativos índios Cayapó

Solenemente, agora o cruzeiro estende seus braços!

 

Evidenciando um desenho, no limo dos tempos

D’um límpido entoar de puríssimo céu azul

Ambicionando a todo povo, as boas-vindas

Um marco de chegada para jazeres de exultações

De todos esses efusivos e nobres bandeirantes

 

Aqui continua, essa gente desbravador

Envaida de muita coragem e graças!

Aqui estamos nós, eternos desbravadores

Tal como o cruzeiro de braços abertos

Pois aqui não se faz por dessemelhante.

 

Transbordando de fidúcia em toda alma.

Dentre outros tantos viageiro

Um certo dia, no seu peculiar jeito de ser

Aqui aportou-se o enigmático “Gabinatti”

Entusiasta do progresso e sem nenhuma cautela

 

Arraigou-se, o brado nome... “Goiatuba”

Aqui, fincou-se “para todo sempre”

O marco da fé!



domingo, 16 de maio de 2021


A chuva

 

(À Nicanor Parra)

 

La fora,

A chuva é bravia...

Contudo não sabe

Nem desconfia!

 

Tenta apenas levar

Mas acaba é trazendo...

Aquilo que levou

E não devia! 



Saudades

(aos sinos da matriz)

 

Por quem badalam

Os sinos da Matriz de São Sebastião.

D'aqueles que compuseram sua história

A antiga "Villa de Bananeiras"

 

Misturam-se no sem fim

No gemido, no lamento do passado.

Uma avidez nobre e profunda

Sonhos d'alma, em cada um de nós.

 

Os sinos...

Da "Villa de Bananeiras"

Saudosas imagens do tempo.

De mim, saudades tuas!




Um certo Manoel

(Ao mestre Gabinatti)

Pois,

Certos lhes pregaram o destino...

Assim foi o desejo do teu progenitor

Mas por ele mesmo, não quis

Nem a batina ambicionar.

 

Trajeitoso até no teu modo de falar

A enigmática figura de Gabinatti

Narrava histórias das tuas andanças.

Mistura divina de poeta, filósofo e profeta

Andarilho pelas veredas das distâncias.

 

Suas palavras atingiam o profundo

De todo coração de nossa gente

Iluminando por novos ideais

Um andarilho abençoado por Deus

D’um povo ávido de realizações

 

Naquele ermo de mundo sem fim

Um sempre viageiro ilustre andarilho.

Foi assim Manoel Gabinatti

Dos Espósito Espositel

Retornando ao passado da nossa gente.

 

Aquele conspícuo desconhecido

Mais versado... Como foi Gabinatti

Negou ser ordenado ao sacerdócio

Possuía a mania de escolher nomes

Aos lugarejos por onde teus pés pisassem.

 

Trazia consigo a mania de andar mundo afora

Trouxe aqui, suas ideias de “Gwa yá tuba”

Goyázes desse nosso argentário meridião

Dos Buenos, desenhado pelo “Rio Meia Ponte”

Bandeirantes desse enigmático sertão!

 

Menor que teus sonhos não foi

A vontade de ver aqui, o pequeno “villarejo”

Relicário de São Sebastião das Bananeiras

Cultivada aos gentílicos que andrilhavam

Chamar-se Goiatuba, fora a tua vaidade!

MULHER

 (A  Cora Coralina)


Uma mulher anjo,

Que no tempo manso.

Descreveu por linhas

Das tuas fábulas e contos

Poemas e histórias minhas!

Uma mulher

Serena e fantasiosa

De olhares atentos.

Poetizando tuas andanças

Lendo todos os pensamentos

Romântica e carinhosa

Madura, cuja feição se faz no tempo,

Mulher de verdade, corajosa liberal.

Eterna no amor, pra alguns foi insana...

Ciumenta, antagônica e genial!

Descreveu por si só,

Teus adágios por vezes.

Anjos mil, alentos sobre linhas afora

De sobressaltos amores santos

Aninha de Goiás, nossa Cora.

Mulher da ponte.

Dos becos dos Buenos

Em traquejos, no seu modo de andar.

Dos sertões, dos meus amores.

Aninha feia, “no seu imaginar”

Aninha... Cora!




 

Nhançanã 

(A Pablo Neruda)

 

Cheirou banhado...

No verde claro, de águas doces

Quando passou Nhançanã

 

E então o sol

Na sua graça, pôs-se a brilhar

Cantou cedinho, na antemanhã!

 

Cantou para alegrar...

Sob o entretom do céu, cor azul

 Pelo albor...  Bem pela manhã!


Cheirou banhado...

Quando passou Nhançanã